K Y L E R I S M

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quinta-feira, fevereiro 2


Quando somos jovens: fazem-nos elogios gratuitamente. Quando somos mais velhos todos os elogios nos sabem bem, mesmo aqueles pelos quais temos de pagar. E quando somos mais velhos temos dinheiro para pagar esses elogios; o que não nos importa, as relações dos mais velhos não passam de interesses.
Em minha casa as pessoas não se riem. Quando está sol: vão para a cama, em vez de irem para a praia. Ou ficam sentadas no sofá em frente à televisão.
Um dia o meu pai acordou-me, a meio da manhã, para me dizer que estava um homem lá em casa para me perguntar se eu queria ir para Angola; mal abri os olhos, e respondi-lhe que sim. Cerca de duas horas depois, quando acordei: o meu pai estava muito triste: perguntei-lhe: “Pai, porque estás tão triste?” Ele respondeu: “Porque vais para Angola.”
Acabei por ir para Angola...
Quando cheguei ao aeroporto de Luanda: perguntei à hospedeira a que horas era o próximo avião para Lisboa. Eu gostava muito de Lisboa, Lisboa era a minha vida, tinha muitos amigos...
Achei aquela terra vermelha muito estranha; e as pessoas muito escuras, mesmo as brancas. Era um tom amarelado, ictérico; não é igual ao bronzeado das nossas praias.
Resisti ao casamento até aos vinte e nove anos. A ideia de me casar angustiava-me: perder um cem número de oportunidades. Um dia conheci a minha mulher, ela era muito bonita: fui a uma festa de amigos... e disse: “Aquela vai ser a minha mulher E assim foi: namoramos três meses, e casamos. Ela era muito bonita. Eu era jornalista, trabalhava no ministério público; dizia-se que eu andava com uma sueca. Era muito bonita: muito loira, cabelo quase branco; e olhos muito azuis. Era muito bonita.
Um dia o governador chamou-me ao seu gabinete e disse: “Se volta a escrever outro artigo destes, mando-o de volta para Lisboa.” Pensei: “Vou, já, escrever três ou quatro, e já agora: mande também a minha mulher e o meu filho.” O mais velho já tinha nascido.
E assim foi... Meteu-se o 25 de Abril... E voltei para Portugal.
Em minha casa estam sempre todos doentes:
- A minha filha: “Será que eu já tomei este, alguma vez?”
- Eu: “Não, não tomaste.”
- Ela: “E se eu tomar mais do que um, por engano, preciso ir ao hospital, fazer uma lavagem ao estômago?”
- Eu: “Ah!”
Mas a vida também tem coisas boas: fumar e whisky. Cuba livre também é bom.
Hoje: não estou com disposição para piadas estúpidas.
As pessoas que fumam morrem prematuramente com cancro e doenças cardiovasculares. Hoje deixei de fumar.
Existem pessoas muito estúpidas, tão estúpidas que só elas não percebem que são estúpidas.

2 comentários:

dmns disse...

Não gosto de ti pelo que escreves, ainda assim este (...) texto é muito loiro quase branco e tem uns olhos muito azuis.

Isabela Figueiredo disse...

ah, o comentário dele é do melhor...
espera, deixa-me rir...
"não gosto de ti pelo que escreves"
lol lol lol
ai...
bem, olha lá, tens de ir a Moçambique, porque não é nada como Angola, esse estranho e violento deserto. Moçambique parece o paraíso. É mto verde. É mesmo mto bonito.

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