K Y L E R I S M

K  Y  L  E  R  I  S  M
kyler kylerism filmaria kyleria kylerisse

quarta-feira, fevereiro 1

Por vezes: acredito, que vejo o mundo com mais clareza, que a maioria dos outros. Acredito: pertencer a uma elite, que tem mais consciência da realidade. Que observo o mundo com mais imparcialidade. Que me consigo distanciar mais dos sentidos e das emoções. Mas ao mesmo tempo: me emociono mais com os Homens, com a sua beleza. Que me disponibilizo mais para observar a essência. E por todas estas razões, também vejo melhor o que de mais horrível existe em nós. Outras vezes: não acredito em nada disto. Não acredito em nada. E sei que estou novamente a delirar.
Por vezes: acredito que sabemos tudo acerca um do outro. Apenas inconscientemente. Sabemos tudo, mas a consciência torna esse saber inconsciente. Talvez tenha medo de enlouquecer. Habituada há milhões de anos a existir concomitantemente... só de pensar na inexistência do, inútil, inconsciente... sente uma angústia quase insuportável. Estou a enlouquecer. Nada preocupante. Apenas mais um louco. Por vezes não acredito. Não acredito em nada.
Por vezes: acredito, que estamos cá para nos desenvolver. Acredito que estamos cá; para nos desenvolver através do sofrimento e da dor. Depois de um momento de felicidade vem sempre um momento de dor. Por vezes damos saltos por cima do sofrimento. Metemos a dor dentro de um baú; e arrumamos esse baú, nas catacumbas do inconsciente. O inútil. E não nos desenvolvemos. É por essa razão que demoramos tanto… É tudo grupos. É tudo mentira. Estou a enlouquecer. Damos saltos, mas conscientemente não o sabemos. Por vezes: não acredito, em nada disto. Por vezes: não acredito, em nada desta merda.
Por vezes: acredito, que sabes tudo acerca de mim. Acredito que sabes tudo, que se passa comigo. Cada vez que me... Acredito que sabes o que estou a sentir. Pelo que estou a passar. Se estou ou não a saltar. Eu também salto. É radical. Estou a enlouquecer. Outras vezes: não acredito, em nada disto. É apenas o acaso. Acredito que inconscientemente estamos presentes. Um e outro. Outras vezes: acredito, que os deuses podem juntar aquilo que a vida insiste em separar. Que a vida pode juntar aquilo que os deuses insistem em separar. Que a vida pode separar aquilo que os deuses insistem em juntar. Etc. estou a enlouquecer. Que existem metades separadas para sempre. E que é possível juntar duas metades... Não acredito em nada disto. Não acredito em nada disto.
Por vezes: acredito, que conheço o amor. Que conheço a paixão. Que conheço o desespero. Que conheço a angustia. O prazer. O sabor da água. A culpa. E a beleza. E...
Fumar é inalar fumo pela boca e depois deita-lo fora?
Preocupante. É irreversível. Existe atraso?
Não acredito.
Estou atrasado. Estou atrasado para ir dormir.
Vou dormir.

3 comentários:

particula disse...

Infelizmente não estas louco... ajudaria! Mas um dia estarás atrasado para dormir e dormes!

ana disse...

muito bom o tumulto, a ausência de uma resposta definitiva

Isabela Figueiredo disse...

Sabes, Kyler, este texto é muito bonito. Não é só bonito: sinto que eu podia tê-lo escrito com as mesmas exactas ideias. As mesmíssimas exactas ideias até quando o narrador afirma que está a enlouquecer.
Passo os dias a convencer-me de que sou maluca. Posso dizer o que digo, onde digo, porque sou maluca, e pronto.
Mas não sou. O problema é que não sou. Quer dizer, não somos.
Quando leio estes textos penso que quem os escreveu podia ser meu irmão-gémeo. e fico comovida. E choro, e isso. Mas chorar faz bem aos rins, não é?

Eu sei que sou ridícula!
Não faz mal. Criei resistência ao medo de ser ridícula, portanto, posso ser.

Firefox