(...) de olhos negros e cabelo lambido. A mãe, apesar da idade avançada, continuava a prostituir-se; para poder pagar as mensalidades.... Escorriam-lhe lagrimas pelo rosto amarrutado... Enquanto homes gordos, cobertos por uma espessa pelicula de gordura derretida pelo sol, lhe apalpavam as mamas adiposas. Na assoalhada ao lado ele comia... A única coisa que o incomodava era o bafo quente, que preenchia a casa.
Subo uma velha escada. A madeira range. Atravesso um corredor de paredes descacadas e sem luz. Agarro a maçaneta dourada e empurro a porta verde. Entro no quarto e dispo-me em silêncio; enquanto olho o corpo semi-nú, deitado na cama de barriga para baixo, com a cabeça caida. Completamente nú aproximo-me, ajoelho-me, debruço-me sobre ela, afasto-lhe o cabelo com os lábios e dou-lhe um beijo sem paixão. Ela continua como morta, não emite um único som. Escorrem-lhe duas lágrimas, que contrariando a gravidade, dirigem-se do olho esquerdo para o lábio inferior.
No confissionário alugado, tento dormir, não consigo. Levanto-me ainda nú e bebo uma cerveja. Penso na juventude... Sinto as rugas do meu rosto, e penso como é dificil envelhecer.
K Y L E R I S M
segunda-feira, maio 16
quinta-feira, maio 12
A Caçarola
Os teus olhos são como lagos, de água quente
Incandescente, que me iluminam;
Cheiras-me com o nariz, sentes-me na respiração do mundo
E ouves-me com a pele.
Tocas-me com a mão direita e quase não me sentes;
Então duvidas se existirei.
Pois não existo... é apenas a tua loucura.
És um corpo, quente;
Um naco de carne pronto a ser comido.
Olho para ti, sinto o calor que irradias e vejo sangue
A correr-te nas veias, é ele que te aquece o hálito.
Aproximo-me para te beijar,
Lembro-me do passado,
Da noite em que te conheci;
Tenho medo de teres arrefecido
E é apenas loucura.
Incandescente, que me iluminam;
Cheiras-me com o nariz, sentes-me na respiração do mundo
E ouves-me com a pele.
Tocas-me com a mão direita e quase não me sentes;
Então duvidas se existirei.
Pois não existo... é apenas a tua loucura.
És um corpo, quente;
Um naco de carne pronto a ser comido.
Olho para ti, sinto o calor que irradias e vejo sangue
A correr-te nas veias, é ele que te aquece o hálito.
Aproximo-me para te beijar,
Lembro-me do passado,
Da noite em que te conheci;
Tenho medo de teres arrefecido
E é apenas loucura.
E-S-B-O-R-R-A-C-H-A - M-E...
Esborracha-me contra o nada! Sinto falta de sentir o teu corpo contra o meu, sentir o meu contra o Nada: opaco, espesso, com o qual me misturo... Esborracha-me lentamente, firmemente, com ternura. Esborracha-me no Nada, para sentir Tudo, distintamente, quero sentir: o meu nariz escancarado no Nada; a força das minhas mamas esborrachadas no Nada; o agarrar viril dos teus longos dedos a descolar as minhas portentosas mamas do Nada! Esborracha-mas, esborracha-me... Quero sentir as minhas mãos como ventosas no Nada, mãos de Nada, no Nada, contra o Nada, à espera de Nada... Esborracha-me... Soletra E-s-b-o-r-r-a-c-h-a-m-e lentamente enquanto o fazes, enquanto o sou! Esborracha o meu suor no Nada, com o teu aroma no meu corpo, na minha boca, no meu Nada! Esborracha as minhas orelhas com a tua musculada língua, sugando delas o Nada! Esborracha as minhas nádegas contra o teu engurgitado nabo, enquanto a minha sequiosa cona é esborrachada no Nada, com Nada, para Nada... Esborracha-me com as tuas coxas!Esborracha-me sorrindo para o meu reflexo difuso no Nada... Esborracha-me chorando, para lavar os meus cabelos do lodo que os envolve... Quero sentir-me esborrachada por ti, esborrachada em cada poro, milimetro, pintelho do meu corpo. Esborrachada por cada poro, milimetro, pintelho do teu ser! Esborrachada por ti: Tudo, contra mim: Nada... Talvez deste sonho, possa um dia ver surgir, esborrachada em mim a perfeição: o Nada esborrachado pelo Tudo, fundem-se e tornam-se... A Perfeição... ?! Na verdade só me apetecia ser esborrachada... por ti! Simples não é?! Não, não é...
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