K Y L E R I S M

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quarta-feira, fevereiro 21

É isto

W dizia-lhe: " Bebe uma bebida amarga! Vais ver que vais ficar melhor. Se eu tivesse na tua situação, beberia uma bebida amarga. Se beberes fico contigo."
W é uma mulher extraordinária. E se calhar ninguém sabe.
K em mutismo, não lhe respondia, matinha o olhar no infinito.
O mundo continuava a acontecer. Eu ali ao lado, continuava a negociar. Estava feliz porque estava a negociar, e o mundo continuava, sem parar, a acontecer.
Apetecia-me intervir. Apetecia-me um final feliz: que K bebesse, que W conseguisse.
Therese aparecia de vez em quando e pedia-me: " Diz-me que tenho uma costela partida!" Mais uma vez queria um final feliz, mas não podia. "Se quiseres parto-te uma costela.", disse-lhe, mas ela já não ouviu.
K começou a chorar, primeiro em silêncio, deitou as mãos à cabeça e depois tapou a cara. Eu estava a negociar. Deixei de ouvir, olhei para K, apeteceu-me chorar, abraçar K e acabar com aquilo; continuei a negociar. Parou de chorar.
W não iria conseguir. " K, bebe uma bebida amarga, vai fazer-te bem!", disse eu. Olhou para mim e voltou a olhar para o infinito.
W não conseguiu.

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