K Y L E R I S M

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sábado, julho 22

Macondo

Amanhã, cedo, tenho de ir para Caculco-Baça. Vou ser o filho da noiva. Já o fiz pelo meu pai, também tenho de o fazer pela minha mãe. E naquela altura era mais difícil construir uma família. São 30 km de picada, só há asfalto até Samba-Caju. Em tempos foi pior, não são os 30 km de Jeep que me desagradam, até é bonito, os topos das árvores tocam-se, são vidas diferentes; o que me desagrada são os Turras, só não nos atacam se não quiserem. Tem de ser; não quero ouvir mais uma vez a minha mãe a lembrar-me que sou judeu, que temos de nos ajudar uns aos outros. Ouvir outra vez que a culpa é do Salazar; e que Telavive foi comprada com o nosso dinheiro e que não devemos nada a ninguém. E depois o meu irmão a dizer que se tivéssemos comprado a Madeira não teríamos enfaixado os Palestinianos; ou se tivéssemos sido todos mortos durante a Segunda Guerra, hoje os palestinianos teriam lá um terreno para nós onde ninguém entraria e que todos gostariam de nós. Já é tarde, amanhã a esta hora já terei de estar em Caculco-Baça, a sorrir, a receber palmadinhas nas costas e festas na cabeça. Vou dormir aqui no sofá dos aranhões.

1 comentário:

particula disse...

O vómito alaga-me a roupa, tenho suores frios! caculo-cabaça espera pelo safari da exfauna...
ela nao sorri, tem um riso estridente onde escancara o tartaro que se resolvia com 30 euros...
Não está careca, está mais magra e bonita, mas poooobre!
voltam a casa com a sensação de dever cumprido e com o odor azedo do vomito entranhado na pele.

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